... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano IV Número 41 - Maio 2012

TUDA

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Revista de Poesia, Literatura & Artes, desde Janeiro de 2009.

Releitura - Adília Lopes


Meteorológica
para o José Bernardino
Deus não me deu
um namorado
deu-me
o martírio branco
de não o ter

Vi namorados
possíveis
foram bois
foram porcos
e eu palácios
e pérolas

Não me queres
nunca me quiseste
(porquê, meu Deus?)

A vida
é livro
e o livro
não é livre

Choro
chove
mas isto é
Verlaine

Ou:
um dia
tão bonito
e eu
não fornico
-oOo-

Adília Lopes, pseudônimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, (Lisboa, 20 de Abril de 1960) é uma poetisa, cronista e tradutora portuguesa. Adília cursou Física na Universidade de Lisboa, mas abandonou o curso pouco antes de finalizá-lo, devido a uma psicose esquizo-afetiva, e por conselho médico deixou de estudar e passou a escrever profissionalmente. Publica vários livros ao longo da carreira, e em 2000 sai "Obra", reunião dos seus quinze livros de poesia. Após a publicação de "Obra", Adília conheceu um relativo sucesso mediático através da televisão, numa espécie de "reality show" sensasionalista. Adília é católica praticante que por vezes transporta uma profunda religiosidade para o que escreve, que se define a si própria como "tímida desenrascada" ou "freira poetisa barroca", e diz, candidamente, não ter vida sexual. Seus poemas já foram traduzidos para vários idiomas, como castelhano, italiano, francês, inglês, servo-croata, alemão e holandês.